Narrativas ficcionais sobre a ciência

A investigação traz para o campo da ciência da informação questões relativas a produtos culturais específicos: filmes de ficção científica. Problematizamos a representação, em dois níveis: da ciência, no âmbito da ficção, e da informação. Objetivamos restabelecer o estatuto de uma informação de natureza ficcional sobre a ciência indicando a ação de uma memória de gênero no processo de construção, circulação e consumo dos filmes de sci-fi. Pensamos que a dinâmica da memória do gênero está relacionada à própria dinâmica de uma informação não científica sobre a ciência. No âmbito da popularização da ciência, tendo em vista a potencialidade dessas formas discursivas no contexto de uma cultura de massa, discutimos a dinâmica dessa informação científica ficcionalizada. Trabalhamos com remakes (refilmagens) e tomamos cada filme como um momento de uma grande narrativa sobre o referente ciência. A abordagem do conhecimento a partir da criação ficcional, considerando a informação como elemento estruturante de um fenômeno discursivo da cultura cinematográfica, é enfocada considerando-se uma dinâmica cultural e uma práxis de memória. Pressupomos que as refilmagens, ao apresentarem diferentes versões de uma mesma narrativa ficcional, operam uma transferência que reorganiza os fatos apresentados desde a primeira versão, procurando garantir que em cada texto haja um equilíbrio entre a novidade e o já reconhecido. Apresentamos análises já empreendidas a partir de dois conjuntos de filmes: A Máquina do Tempo (1960) e Guerra dos Mundos (1952, 2005), tomando o referente ciência e o ator cientista como pontos pelos quais a informação não científica dinamiza-se nas narrativas